Frutas, Vegetais e Legumes para Viver Mais

O alto consumo de frutas, vegetais e legumes foi associado a um menor risco de mortalidade total e de causas não cardiovasculares. Esse benefício foi obtido por meio da ingestão de três a quatro porções por dia desses alimentos (375 a 500g/dia). Essa é conclusão de recente estudo publicado no periódico Lancet.

A associação entre alimentação com frutas, vegetais e legumes com doença cardiovascular e mortalidade já foi extensamente estudada em países da Europa, nos Estados Unidos, China e Japão, mas até então não havia dados sobre países do leste europeu, América do Sul, África e Ásia. Esse estudo foi realizado em 18 nações da América do Norte, Europa, América do Sul, leste europeu, Ásia e África. A pesquisa foi realizada por questionário a respeito da alimentação, hábitos e estilo de vida para 135.335 indivíduos de 35 a 70 anos. Os principais objetivos do estudo incluíram a incidência das principais doenças cardiovasculares e mortalidade associada, mortalidade total e mortalidade de causas não cardiovasculares.
O estudo foi realizado entre 2003 e 2013, e os participantes foram acompanhados por um período mediano de 7,4 anos. O alto consumo de frutas, vegetais e legumes foi inversamente associado às principais doenças cardiovasculares (HR=0,90; 95% CI 0,74-1,10), infarto do miocárdio (HR=0,99; 95% CI 0,74-1,31), derrame (HR=0,92; 95% CI 0,67-1,25), mortalidade cardiovascular (HR=0,73; 95%CI 0,53-1,02), mortalidade não cardiovascular (HR=0,84; 95% CI 0,68-1,04) e mortalidade total (HR=0,81; 95% CI 0,68-0,96). Quando examinados separadamente, a ingestão de frutas foi associada ao menor risco de mortalidade, tanto cardiovascular, como não cardiovascular e total, enquanto o consumo de legumes foi inversamente associado à morte não cardiovascular e mortalidade total. Para os vegetais crus, houve forte relação entre seu consumo com menor risco de mortalidade total, enquanto os vegetais cozidos tiveram benefício mais modesto para a mortalidade.
O presente estudo confirma que esse grupo de alimentos contribui para uma vida mais saudável, e deve, sem sombra de dúvidas, ser incorporado aos hábitos alimentares se o objetivo é viver mais e melhor.
Para mais detalhes sobre esse estudo, segue a referência abaixo.

 

Referência:
1 – Miller V, et al. Fruit, vegetable, and legume intake, and cardiovascular disease and death in 18 countries (PURE): a prospective cohort study. Lancet 2017; 390: 2037- 49.

 

Relação de Atividade Física e Dieta com Câncer

Recente revisão da literatura publicada no periódico Lancet Oncology encontrou associação entre os hábitos de atividade física e dieta com incidência e mortalidade do câncer.

Os autores avaliaram estudos publicados sobre esse assunto entre janeiro de 2010 e outubro de 2016, incluindo metanálises, artigos de revisão, estudos prospectivos e ensaios controlados e randomizados.
As evidências encontradas apontaram forte associação entre atividade física regular e sedentarismo com resultados de tratamento dos principais tipos de câncer, incluindo sobrevida e qualidade de vida. Indivíduos que praticam atividade física tiveram menor incidência de dez tipos de câncer, incluindo os de colón e reto, de endométrio e de mama, bem como melhores resultados de tratamento para eles. Esses achados estão direcionando algumas políticas de saúde pública no sentido de incentivar a prática de exercícios. Atualmente, há várias ações com esse intuito promovidas pelo Instituto Nacional do Câncer Americano (NCI).
Os dados epidemiológicos apontaram para associação entre dieta e risco de câncer. O consumo alto de frutas, cereais, fibras e vegetais está relacionado à evidente diminuição do risco de câncer de mama, principalmente se esse hábito for praticado desde os oito anos de idade. A obesidade foi o fator chave para aumento de câncer e mortalidade. Ela promove um estado inflamatório, caracterizado pelo acúmulo de macrófagos ao redor de células adiposas aumentadas, o que levaria a mecanismos de gatilho para o aparecimento de células cancerígenas.
No entanto, para conclusões mais evidentes, os autores reconhecem que há necessidade de mais estudos prospectivos e randomizados que envolvam a prática de atividade física e dieta com mecanismos de imunidade, inflamação, regulações genéticas e outros fatores biológicos para recomendações seguras sobre hábitos de vida.
O que temos certeza é que devemos praticar atividade física regular e equilibrar a dieta com alimentos saudáveis e em quantidades adequadas. Isso é válido não só para prevenção de câncer, mas também para evitar muitas outras doenças relacionadas à obesidade.
Para mais detalhes sobre esse estudo, segue a referência abaixo.

 

Referência:
1. Kerr J, et al. Physical activity, sedentary behaviour, diet, and cancer: an uptodate and emerging new evidence. Lancet Oncol 2017; 18:e457-71.

 

Carboidratos e Gorduras no Foco de Debates

O alto consumo de carboidratos foi associado a uma maior taxa de mortalidade, enquanto que o de gorduras a uma menor. Essas são as conclusões do estudo PURE publicado recentemente no periódico Lancet.

Trata-se de um estudo epidemiológico e prospectivo que envolveu 18 países, inclusive o Brasil, com 135.335 indivíduos de 35 a 70 anos, avaliados com questionários específicos e acompanhados por sete anos. Os participantes foram categorizados de acordo com os hábitos alimentares, levando-se em consideração a porcentagem de carboidratos, gorduras e proteínas na dieta. O alto consumo de carboidratos foi associado ao aumento da taxa de mortalidade em 28%, porém não houve relação com risco de doença cardiovascular ou mortalidade para esse tipo de doença. Já o consumo de gorduras totais ou tipos específicos foi associado à diminuição da taxa de mortalidade em 23%. Além disso, os autores também encontraram relação do alto consumo de gordura saturada com redução de 23% no risco de acidente vascular cerebral. Nem carboidratos nem gorduras foram associados a doenças cardiovasculares.

Os achados desse estudo são surpreendentes. Entretanto, devemos avaliá-los com cautela. O artigo não menciona o tipo de carboidrato ingerido, ou seja, se foi carboidrato composto ou alimentos com açúcar. É diferente o desfecho de um indivíduo que come muitas frutas e cereais integrais daquele que ingere grandes quantidades de refrigerantes e doces. O segundo terá mais chances de desenvolver obesidade e doenças relacionadas, que, por sua vez, levam ao aumento da mortalidade. Além disso, há fontes de carboidratos provenientes de alimentos processados que possuem sódio e gordura trans em excesso. Outro ponto a ser considerado no estudo foi o aumento da ingestão de carboidratos em 67,7% do total de calorias ingeridas. Isso é acima do recomendado pelas diretrizes de saúde, que varia de 45 a 65%. Portanto, é de se esperar que esse excesso leve aos problemas de saúde. No caso das gorduras, a ingestão máxima foi de 35,3% do total de calorias, o que está dentro do adequado, que varia pelas recomendações de 20 a 35%.

Ou seja, o abuso do carboidrato, muito provavelmente dos mais nocivos, influenciou os resultados desse estudo.

Como há diversos tipos de carboidratos e gorduras, podemos ter duas dietas com a mesma quantidade desses nutrientes, podendo ser saudáveis ou não. Ou seja, deve prevalecer o bom senso na escolha dos alimentos e não simplesmente fazer restrições extremas de carboidratos ou abusar do uso de gorduras, como pode sugerir a conclusão do estudo. Frutas, verduras e legumes devem fazer parte da dieta de forma abundante, enquanto sódio, açúcar e gorduras devem ser ingeridos de forma contida e dentro das recomendações dos guias práticos de alimentação.

O estudo deixa a mensagem que as gorduras não são tão maléficas como sempre se pregou, desde que consumidas dentro das diretrizes de recomendações, e os carboidratos devem ser ingeridos com cautela, devendo-se evitar os refinados e os de origem em alimentos processados. Ainda vale a premissa que a associação de alimentos balanceados com atividade física regular é a melhor estratégia para uma vida mais saudável e duradoura.

 

Referência:
Dehghan M, et al. Associations of fats and carbohydrate intake with cardiovascular disease and mortality in 18 countries from five continents (PURE): a prospective cohort study. Lancet 2017 published on line on August 27th

 

Correr Sem Correr Riscos

Com a conscientização da importância da atividade física na promoção à saúde, muitas pessoas têm escolhido a corrida como modalidade esportiva. É um esporte de baixo custo, democrático, gostoso de praticar quando se está acostumado e, se associado a uma dieta adequada, é o mais eficiente para perder ou manter o peso. Nos últimos anos, houve um aumento substancial na quantidade de praticantes de corrida e, com isso, paralelamente, um aumento no movimento dos consultórios de ortopedistas, das clínicas de fisioterapia e das solicitações de ressonância magnética.
Os benefícios da corrida são inúmeros e já descritos várias vezes nesta coluna. No entanto, se não for bem praticada, pode causar lesões do sistema locomotor, entre elas condromalácia de joelho, fasceíte plantar, hérnia de disco, canelite, entre outras. Para evitar ou amenizar essas lesões e tornar a corrida saudável e prazerosa, seguem os dez mandamentos do corredor amador:

1. Realizar exames complementares para avaliar as condições físicas, tais como teste ergométrico, ecocardiograma e exames bioquímicos.
2. Realizar os treinos com orientação profissional. Há assessorias esportivas especializadas em passar planilhas de treinos de acordo com a individualidade de cada um.
3. Fazer exercícios de fortalecimento, principalmente musculação, pelo menos duas vezes por semana. Essa, sem CORRER SEM CORRER RISCOS dúvida, é a medida mais importante e, de preferência, com treinador especializado.
4. Utilizar tênis adequado ao tipo de pisada.
5. Correr em terrenos regulares.
6. Manter dieta adequada e jamais treinar em jejum.
7. Respeitar os limites e sem exageros.
8. Hidratar-se bem.
9. Dormir adequadamente, preferencialmente oito
horas por dia.
10. Controlar o estresse.

A corrida bem praticada traz benefícios para os sistemas
cardíaco, respiratório, metabólico, urinário e nervoso. O indivíduo que pratica corrida de forma correta é mais feliz e saudável. Há pessoas que não possuem biótipo que se adapta à corrida, porém, nessa situação, atividades opcionais como ciclismo, natação, ginástica aeróbica e outras podem trazer os mesmos benefícios, desde que haja aderência e regularidade na execução. De qualquer forma, nosso corpo foi feito para movimentar-se.Praticardeformaadequadaumaatividade física, como a corrida, nos traz saúde e qualidade de vida.